Fonte: GQ Portugal

A verdade é que a quantidade de "Fs" presentes neste dia triplicou: já havia Fátima, juntou-se Futebol e Fado. E não da forma reprimida de antigamente. Este dia veio trazer uma nova concepção aos 3Fs de Salazar - uma concepção antónima. A expressão passou de um símbolo de opressão, desconhecimento, isolamento, a um símbolo de cultura, de orgulho (à partida, pelo menos). Veio relembrar a essência do povo português.


Fátima

Comecemos por Fátima. Posso-me contradizer um pouco com o que ainda agora disse, pois acredito que haja aspetos da vinda do Papa Francisco a Portugal que estragam aquilo que podia ter sido ainda mais belo (relembro que vivemos num Estado laico - tolerância de ponto no país inteiro? Doesn't seem very "laico" to me... Mas isso era um tema que daria muito mais pano para mangas...).

Por outro lado, e como católica, todas as celebrações desde que o Papa chegou a Fátima, foram simplesmente impressionantes: desde a quantidade de pessoas à capacidade de silêncio, passando pela enorme sensação de união e de fé que se sentia. Não tive oportunidade de ir, e houve muitas coisas que me fizeram não insistir muito no assunto, mas ao ver as cerimónias tanto de dia 12 como de dia 13, tive pena de não ter lá estado.

Fonte: Google Imagens

Futebol

Nota: não sou do Benfica. Sou do Sporting, e admito que sou daquelas pessoas parvas que não gosta particularmente do Benfica.

Apesar de tudo, e como também não sou assim tão ferrenha no que diz respeito ao futebol, foi impossível não reparar a forma como o futebol move multidões - desde manhã que os arredores do estádio do Benfica se encheram com benfiquistas, que se ouvia os cânticos do clube nos cafés e restaurantes, que se ouvia o buzinar... E todas aquelas pessoas no Marquês...! Todos os anos tem sido o mesmo, e todos os anos me impressiono. Confesso que se fosse o Sporting, muito mais teria a dizer :), mas o que interessa aqui não é que o clube x ou y ganhou e sim o facto de o futebol estar tão intrínseco na cultura dos portugueses.

Fonte: Google Imagens

Fado

Ahhhh, o meu F preferido!

Ontem, a música portuguesa foi valorizada. Correção: ontem, a música foi valorizada.

Ultimamente, não só na Eurovisãoo como na música em geral, como o próprio Salvador Sobral disse, tem-se vendido a "música fast-food". E não vou ser hipócrita e começar a dizer "Ah, eu concordo, até porque eu só ouço boa música, eu sou muito culta...". Nada disso. Eu, como a maioria, sou vítima do sistema. E vocês haviam de ver, há música que ouço que é um verdadeiro lixo. Mas também sei apreciar boa música, como esta que levámos para o Festival da Canção.

Ganhou o Salvador. Ganhou Portugal. Ganhou a diferença. Ganhou o fora-da-caixa. Ganhámos nós e ganhou o mundo, com esta "lufada de ar fresco" que é mais "realidade" que "ar fresco".

O Salvador foi levar o que há de melhor de Portugal, para o resto da Europa - o sentimento. E não venham cá com "Eurovisão é pra ter foguetes e animação, aquilo não é nada,". A verdade é que marcámos mesmo a diferença.

E outra verdade é que sabe mesmo bem ganhar, sermos reconhecidos, e fiquei orgulhosa da forma como o Salvador Sobral soube aproveitar a sua vitória para chamar atenção a problemas importantes, quer seja o tema dos refugiados ou do atentado à música que tem acontecido.



Resumindo: ontem foi dia de honrar a nossa cultura, implique isso aquilo que implique. Com o bom e com o mau. Foi um bom dia? Se quiserem. Para mim, foi um dia memorável.