Em primeiro lugar, o que é isto?

O Projeto Amélia é uma ONG internacional registada em Inglaterra cujo objetivo é ajudar as crianças com cancro do Myanmar. Mas porquê?

Em média, cada pessoa neste país recebe um ordenado de 40 cêntimos por dia. Para além disso, existem mais de 500 crianças com cancro e apenas um hospital pediátrico para as tratar. A viagem para este hospital pode demorar até 3, 4 dias, dependendo dos casos, o que faz com que o dinheiro que ganham muitas vezes nem chegue para uma simples viagem ao hospital (uma coisa tão banal, para nós, não é?).

O transporte de uma criança para o hospital, onde pode receber um ciclo de tratamento, custa apenas 54 cêntimos por dia. A quantia de 24 euros ajuda não só a transportar uma criança para o hospital por via terrestre como também a completar um ciclo de tratamento. Em média, cada criança precisa de 200 euros por ano para pagar as 8 viagens que tem que fazer até ao hospital. Podem saber mais informações sobre o significado de cada quantia aqui, mas não é obrigatório doar os montantes apresentados.

A iniciativa 24 Horas no Aeroporto realiza-se este ano de 31 de Março a 9 de Abril. Durante estes 9 dias, figuras públicas e cidadãos comuns vão estar 24 horas (mesmo) no Aeroporto de Lisboa, com o objetivo de angariar fundos para transportar 500 crianças com cancro para o hospital durante um ano.

O ano passado mais de 100 figuras públicas juntaram-se a este projeto, o que resultou num total de 55 mil euros arrecadados, o que permitiu ajudar 400 crianças e adultos com cancro durante dois meses, realizar um estudo sobre as necessidades mais urgentes e criar um fundo de emergência disponível para as famílias de crianças numa situação (ainda) mais difícil.

A ação pretende sensibilizar o maior número de pessoas possível para esta causa, e o tempo que passamos aqui representa o tempo que algumas crianças com cancro demoram até chegar ao hospital. A dinâmica de sensibilização também é diferente: ao invés de fazermos um peditório direto, partilhamos com o maior número de pessoas possíveis, criando um movimento nas redes sociais e a partir do boca a boca.

Fiquei no aeroporto no primeiro dia desta edição, dia 31. Já tinha ouvido falar deste projeto o ano passado, mas não vim. Este ano decidi arriscar.

Custa, não vou mentir. Mas é bom perceber que sensibilizamos as pessoas. As pessoas param para tentar perceber quem são estes, o que é que eles estão aqui a fazer, porque é que parece (e é verdade) que estiveram aqui a noite toda. As pessoas ficam curiosas, e acabam por ler a informação que temos para dar, por descobrir esta causa. Principalmente, é bom saber que não estamos aqui em vão, perceber que de facto estão a haver doações através da nossa partilha, que estamos a fazer a diferença, e que estamos todos unidos pela mesma causa.

Sei que há pessoas que vão ler esta publicação e pensar ah, claro, que trabalhão ou ajudam os de fora mas não ajudam os nossos. Acho que o importante aqui não é o facto de como ou de onde são as pessoas que estamos a ajudar, mas sim o facto de elas serem isso mesmo, pessoas, como nós. E se podemos ajudar, porque não? Pessoas são pessoas em todo o lado. Crianças são crianças em todo o lado.

Peço-vos que nos ajudem. E que tal, em vez de beber um café à tarde, doarem os 60 cêntimos desse café a uma criança com cancro no Myanmar? Ou, no vosso aniversário, em vez de pedir presentes, pedir doações para estas crianças? São muitas as formas de ajudar, muitas e simples.

Sem a nossa ajuda, todos os anos centenas de crianças abandonam o tratamento ou morrem de cancro sem receber apoio especializado ou cuidados paliativos.

Para quem quiser doar, deixo-vos aqui os dados da fundação, bem como este link onde podem doar diretamente.